ECONOMIA E JESUS
ECONOMIA E JESUS
Helci Rodrigues Pereira
A Bíblia Sagrada, longe de ser pura e simplesmente um livro de inspiração religiosa ou de teologia, contem princípios de toda ordem: moral, ética, filosófica, econômica, literária, científica, etc.
Em matéria anterior, quando escrevemos sobre “Jesus e economia” e nos referimos ao milagre da “primeira multiplicação dos pães”, manifestamos o desejo de ressaltar alguns princípios de economia presentes naquele evento.
Só para avivar a memória dos diletos leitores da Tribuna de Alagoas, lembramos que, depois de um dia estafante, encontrava-se Jesus e seus discípulos, já tarde do dia, num lugar desértico. O povo se achava cansado e faminto. Em tais circunstâncias, aconteceu o evento que nos propicia verificar lições de economia nas palavras e atitudes de Jesus e seus discípulos. Quer dizer, Jesus ensinou como resolver o problema da fome.
Até hoje convivemos com o problema extremamente moderno, grave e cruel da fome, que assola o nosso mundo. Jesus nos ensina, através do evento da multiplicação de cinco pães e dois peixinhos, com os quais alimentou e fartou u’a multidão composta de quase cinco mil homens (contadas mulheres e crianças, o número teria sido perto de dez mil pessoas).
Os discípulos do Mestre apresentaram duas sugestões para resolver o problema de tanta gente com fome, que se encontrava ao seu redor, naquela tarde, bem tarde do dia.
Quando eles disseram a Jesus que despedisse a multidão para que aquelas pessoas fossem pelas aldeias e comprassem para si o alimento de que necessitavam, estavam, ao mesmo tempo, propondo uma sugestão puramente economicista, uma teoria muitíssimo moderna, de que as pessoas, por sua própria luta, por seu esforço, por sua própria iniciativa particular, deveriam de levantar recursos para sua sobrevivência e alimentação.
Quando Jesus lhes disse que eles mesmos dessem de comer à multidão faminta, eles perguntaram ao Senhor: como poderemos comprar tanta comida para tanta gente? Tal questionamento nos revela outra sugestão equivocada dos discípulos, a de que erradicar a fome da multidão seria uma tarefa que deveriam tomar para si de uma forma eminentemente paternal. Por isso que chegaram a perguntar: “Iremos comprar duzentos denários (salário equivalente a duzentos dias de trabalho, na época) de pão para lhes dar de comer?”
Era uma filosofia assistencialista, pela qual alguém poderia, com seus próprios bens e condições, resolver o problema do povo.
Foi a partir daí que Jesus lhes ensinou e demonstrou como enfrentar a questão da fome, como debelar este espantalho da humanidade.
Jesus lhes ensinou o primeiro princípio basilar de economia para solução dos problemas sociais, máxime o da fome: tal problema se enfrente com organização.
Esta lição foi oferecida da forma mais prática possível. Jesus descobriu que no meio da multidão havia alguém que tinha consigo cinco pães e dois peixinhos. Mandou que os discípulos dividissem a grande multidão em pequenos grupos de cinqüenta e de cem pessoas, e ordenou que sentassem todos sobre a relva. E o milagre veio a acontecer.
O problema da fome se enfrenta com organização, porque desestruturado, desorganizado, o povo não tem condições de vencer qualquer problema, muito menos os problemas sociais, com o da fome. Um povo organizado em grupos sociais bem nítidos, onde desapareça toda a expressão aviltante de desigualdade, e onde haja distribuição justa, o problema da fome é resolvido (Veja a reflexão intitulada JESUS E ECONOMIA).
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Helci Rodrigues Pereira é Pastor, Advogado, Professor,Escritor e também autor dos livros "Pastorais", "O Ser Humano - Reflexões" e "Expressões do Recôndito".
