RE-EQUILÍBRIO, TRABALHO E ESQUECIMENTO
RE-EQUILÍBRIO, TRABALHO E ESQUECIMENTO
Helci Rodrigues Pereira
Vimos, em nosso artigo sobre RE-EQUILÍBRIO PELO AMOR, que a terapêutica do amor, com sua formidável força integrativa, é um caminho bastante salutar na busca do nosso próprio re-equilíbrio, de nossa tranqüilidade pessoal.
Dois outros meios pelos quais podemos recobrar a nossa paz e manter a nossa homeostasia são o trabalho e o esquecimento.
Referimo-nos à terapêutica ocupacional, à cura dos desajustes da existência pelo trabalho. Thomas Carlyle escreveu, com razão, que “o trabalho é a grande cura para todas as doenças e sofrimentos que acossam a humanidade”.
Inegável e indiscutível é o valor do trabalho como higiene do espírito. Um notável advogado americano sofria de tão grande depressão, de tão profundo abatimento físico e moral que seus parentes e amigos resolveram colocar facas e navalhas fora do seu alcance. Em suas agonias d’alma, escrevia aquele causídico: “Agora sou o mais infeliz dos homens vivos. Se vou melhorar, não sei; presumo dolorosamente que não”. Mas, felizmente, enganou-se. Através do trabalho, da ação e de muitos desafios que a vida lhe ofereceu , conseguiu saúde e força que o salvaram, e ao seu país, da ruína. Seu nome era Abraão Lincoln.
Uma ótima maneira de tratar nossos nervos e nossas tristezas é encher o nosso tempo e o deles de trabalho, de ocupação com as coisas boas, incluindo as coisas espirituais.
Estamos tensos, nervosos, inquietos, emocionalmente desajustados? Experimentemos esta terapêutica. Façamos alguma coisa interessante e útil ao nosso próximo. Não nos entreguemos à ociosidade. Certo veremos o resultado.
O terceiro caminho para conseguirmos o reajuste de nossa personalidade, o re-equilíbrio do nosso ser, é o esquecimento.
Pode-se falar, hoje, de cura pelo esquecimento. Uma das atividades auto-restauradoras para os que se acham desajustados, nervosos, perturbados em sua vida é a propensão humana para esquecer as coisas desagradáveis. Se tal não fosse um fato, a vida seria ainda mais decepcionante na área de relações humanas porque o mundo em que vivemos e nos movemos nos oferece, por demais, motivos para frustrações.
Temos uma tendência natural para guardar mais, na memória, as coisas positivas, embora, conscientemente, muitas vezes, tentemos fazer o contrário. Quando insistimos em anotar e lembrar, constantemente, as coisas negras, as experiências negativas, estamos forçando a nossa natureza, e por isso sofremos muito.
Alguém disse: “As lembranças embelezam a vida; só o esquecimento a torna suportável”.
O apóstolo Paulo conhecia tal segredo, e dizia: “Esquecendo as coisas que ficam para trás, prossigo para o alvo”. E mais: “As coisas velhas passaram. Eis que tudo se fez novo”.
Em nada nos ajuda a insistência em lembrar experiências entristecedoras, trazendo-as à consciência, renovando-as. Isso nos maltrata mais e contribui para nosso maior desequilíbrio e infelicidade. Nesse sentido, esquecer é bom.
Embora seja verdade que a mente possui tão notáveis poderes de auto-recuperação, muitas vezes o estado da pessoa é tal, seu desajuste é de tal ordem que, para sua cura, a pessoa precisa de conselho e ajuda de um profissional competente. Jesus Cristo, o grande psicólogo, o invejável conhecedor da natureza humana, o extraordinário psicanalista, o admirável psiquiatra, está sempre pronto a ajudar na reintegração da vida das pessoas,
Helci Rodrigues Pereira é Pastor, Advogado, Professor,Escritor e também autor dos livros "Pastorais", "O Ser Humano - Reflexões" e "Expressões do Recôndito".
